“Gratidão, gratidão,
gratidão. Por que sabe o que vem depois da gratidão? A satisfação. Sem gratidão
não pode haver alegria.”
(Extraído de uma roda de perguntas
e respostas em Nimaihuset, Suécia – maio de 2016)
Pergunta: Qual é o propósito de Kali Yuga?
Resposta: Gosto desta pergunta, porque nos
obriga a ser autocríticos.
prāyeṇālpāyuṣaḥ sabhya
kalāv asmin yuge janāḥ
mandāḥ sumanda-matayo
manda-bhāgyā hy upadrutāḥ
“Ó sábio! Nesta era de Kali, a era de ferro, os homens não têm apenas uma vida curta, senão que são briguentos, preguiçosos, mal direcionados, desafortunados e, sobretudo, sempre estão perturbados.” (S. B. 1. 1. 10)
Este é um dos primeiros versos do
Srimad Bhagavatam que explica os efeitos de Kali Yuga. Nele diz que Kali Yuga
de certa forma veio a despertar aos mais preguiçosos, aos “poucos inteligentes”,
aos “menos sinceros”, aos que receberam convite em Satya Yuga, Treta Yuga e
Dvapara Yuga, mas perseguem com as ideias do “Eu quero isso e aquilo outro”.
Então, se faz necessária a atmosfera de Kali Yuga para (tomara) despertar um
pouco.
Na verdade, esta não é exatamente uma
resposta muito encantadora, não é? Isso significa que há outra alternativa
também. Srila Prabhupada costumava dizer: “Aprenda escutando ou sofrendo. Ainda
assim, há pessoas que inclusive quando sofrem não aprendem.” Isso significa que
então há outra oportunidade. Primeiramente, no momento da destruição do mundo
material há um tempo de descanso em Maha Vishnu e logo retorna, o ciclo começa
de novo. Porque Deus nos ama independentemente da nossa estupidez, mas não quer
nos tirar o livre arbítrio.
Outra coisa que gostaria de agregar é
que não devemos questionar a boa intenção do Senhor para conosco. Não faça
isso! Não permita que tua mente faça isso! Porque no momento que fizer é como
cair outra vez e dizer: “Deus, pode se sentar na cadeira dos acusados?” e você
mesmo se sentar no posto de juiz dizendo: “Atenção, meu Senhor, que agora vou
checar.” Isso não devemos fazer por nenhum motivo, a posição de questionar a
intenção do Criador para conosco não nos diz respeito. É esse ego artificial
que é muito popular entre aqueles que negam a existência de Deus, é o que faz
não apenas colocarmos Deus na cadeira dos acusados senão que O apagamos como se
não existisse.
A pergunta sobre a razão de Kali Yuga
é perfeitamente respondida no Srimad Bhagavatam, eu apenas quis expandir um
pouco mais, quis explicar o que acontece quando permitimos nossa mente
questionar as boas intenções de Deus. O que acha de nos perguntarmos se temos o
direito de respirar? E se tivermos, quem nos deu tal direito? Pois nunca
pagamos pelo ar que respiramos. Como que temos o direito de beber água? Ou como
temos o direito de comer um prato de comida? Depois de pensar nestas perguntas,
a única coisa que nos resta é sermos agradecidos e dizer: “Agradeço a quem quer
que seja responsável por isso”. Pode chamar a “este responsável” como quiser,
mas deve reconhecer que existe e sinta-se agradecido com Ele. Isso é o que
inclusive as tribos nativas nos ensinam, isso é o que chamamos de “Nações
Unidas do Espírito”, seres humanos unidos no espírito da gratidão.
Sem uma profunda espiritualidade nada
pode acontecer, nada mudará dentro de nós. Isso é o que Krishna disse: “Qualquer
coisa que seja ingerida sem haver sido oferecida a Mim, não será mais que
pecado.” Inclusive se tomarmos água sem tê-la oferecido a Deus, beberemos
apenas pecado. Isto é o que as Escrituras nos ensinam.
Gratidão, gratidão, gratidão. Por que
sabe o que vem depois da gratidão? A satisfação. Sem gratidão não pode haver
alegria. Por isso nos submergimos em depressões, porque não somos agradecidos. Na
sociedade moderna, de uma forma ou outra, conseguimos colocar a mente sobre
todas as coisas, por isso não nos foi produzido muitos bons resultados, ou
melhor, foi mundanizado, materializado e secularizado em nossas vidas.
Assim, não pode haver obediência a
nenhuma autoridade mais elevada, porque o princípio mesmo da autoridade é
questionado. As crianças costumam fazer isso algumas vezes e questionam a
autoridade dos seus pais, mas assim que têm um problema ou até mesmo um pouco
de fome, elas se transformam imediatamente e aceitam novamente a autoridade a
fim de obter comida. Portanto, é melhor apreciar tudo o que temos recebido sem
questionamentos, ou melhor, com profundo agradecimento.
Jay Srila Prabhupada.
Seu sempre bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.
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