domingo, 7 de agosto de 2016

Cultivar o espírito de agradecimento para com todas as coisas




“Gratidão, gratidão, gratidão. Por que sabe o que vem depois da gratidão? A satisfação. Sem gratidão não pode haver alegria.”



(Extraído de uma roda de perguntas e respostas em Nimaihuset, Suécia – maio de 2016)

Pergunta: Qual é o propósito de Kali Yuga?
Resposta: Gosto desta pergunta, porque nos obriga a ser autocríticos.

prāyeṇālpāyuṣaḥ sabhya
kalāv asmin yuge janāḥ
mandāḥ sumanda-matayo
manda-bhāgyā hy upadrutāḥ

“Ó sábio! Nesta era de Kali, a era de ferro, os homens não têm apenas uma vida curta, senão que são briguentos, preguiçosos, mal direcionados, desafortunados e, sobretudo, sempre estão perturbados.” (S. B. 1. 1. 10)

Este é um dos primeiros versos do Srimad Bhagavatam que explica os efeitos de Kali Yuga. Nele diz que Kali Yuga de certa forma veio a despertar aos mais preguiçosos, aos “poucos inteligentes”, aos “menos sinceros”, aos que receberam convite em Satya Yuga, Treta Yuga e Dvapara Yuga, mas perseguem com as ideias do “Eu quero isso e aquilo outro”. Então, se faz necessária a atmosfera de Kali Yuga para (tomara) despertar um pouco.
Na verdade, esta não é exatamente uma resposta muito encantadora, não é? Isso significa que há outra alternativa também. Srila Prabhupada costumava dizer: “Aprenda escutando ou sofrendo. Ainda assim, há pessoas que inclusive quando sofrem não aprendem.” Isso significa que então há outra oportunidade. Primeiramente, no momento da destruição do mundo material há um tempo de descanso em Maha Vishnu e logo retorna, o ciclo começa de novo. Porque Deus nos ama independentemente da nossa estupidez, mas não quer nos tirar o livre arbítrio.
Outra coisa que gostaria de agregar é que não devemos questionar a boa intenção do Senhor para conosco. Não faça isso! Não permita que tua mente faça isso! Porque no momento que fizer é como cair outra vez e dizer: “Deus, pode se sentar na cadeira dos acusados?” e você mesmo se sentar no posto de juiz dizendo: “Atenção, meu Senhor, que agora vou checar.” Isso não devemos fazer por nenhum motivo, a posição de questionar a intenção do Criador para conosco não nos diz respeito. É esse ego artificial que é muito popular entre aqueles que negam a existência de Deus, é o que faz não apenas colocarmos Deus na cadeira dos acusados senão que O apagamos como se não existisse.
A pergunta sobre a razão de Kali Yuga é perfeitamente respondida no Srimad Bhagavatam, eu apenas quis expandir um pouco mais, quis explicar o que acontece quando permitimos nossa mente questionar as boas intenções de Deus. O que acha de nos perguntarmos se temos o direito de respirar? E se tivermos, quem nos deu tal direito? Pois nunca pagamos pelo ar que respiramos. Como que temos o direito de beber água? Ou como temos o direito de comer um prato de comida? Depois de pensar nestas perguntas, a única coisa que nos resta é sermos agradecidos e dizer: “Agradeço a quem quer que seja responsável por isso”. Pode chamar a “este responsável” como quiser, mas deve reconhecer que existe e sinta-se agradecido com Ele. Isso é o que inclusive as tribos nativas nos ensinam, isso é o que chamamos de “Nações Unidas do Espírito”, seres humanos unidos no espírito da gratidão.
Sem uma profunda espiritualidade nada pode acontecer, nada mudará dentro de nós. Isso é o que Krishna disse: “Qualquer coisa que seja ingerida sem haver sido oferecida a Mim, não será mais que pecado.” Inclusive se tomarmos água sem tê-la oferecido a Deus, beberemos apenas pecado. Isto é o que as Escrituras nos ensinam.
Gratidão, gratidão, gratidão. Por que sabe o que vem depois da gratidão? A satisfação. Sem gratidão não pode haver alegria. Por isso nos submergimos em depressões, porque não somos agradecidos. Na sociedade moderna, de uma forma ou outra, conseguimos colocar a mente sobre todas as coisas, por isso não nos foi produzido muitos bons resultados, ou melhor, foi mundanizado, materializado e secularizado em nossas vidas.
Assim, não pode haver obediência a nenhuma autoridade mais elevada, porque o princípio mesmo da autoridade é questionado. As crianças costumam fazer isso algumas vezes e questionam a autoridade dos seus pais, mas assim que têm um problema ou até mesmo um pouco de fome, elas se transformam imediatamente e aceitam novamente a autoridade a fim de obter comida. Portanto, é melhor apreciar tudo o que temos recebido sem questionamentos, ou melhor, com profundo agradecimento.
Jay Srila Prabhupada.

Seu sempre bem-querente,

Swami B. A. Paramadvaiti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário