“Deve-se ter um sabor superior mesmo
que tenha desejos pelas coisas materiais, renunciar e ocupar-se em algo
espiritual, isso é o desenvolver de um gosto superior.”
Meus queridos
devotos, um grande abraço de Miami Mandir.
Hoje estamos
celebrando o sentido da nossa verdadeira independência já que nossa
independência é tanto nosso problema como nossa solução. Temos que nos
independer de nossos apegos materiais, de tudo que nos apega à luxúria. Quando nos
apegamos a Krishna e nos esforçamos para fazê-Lo feliz, isso é prema. Então tem
que descobrir como safar-se de um apego e apegar-se a outro.
Essa é a
história do nosso apego material, enquanto ele existir, o bhakti não será
manifestado totalmente. Por isso precisamos do sadhu sanga que é algo muito
escasso nesse mundo. É algo muito além do que podemos entender racionalmente e
manifesta-se como Gurukripa. Quando tem-se fé no mestre espiritual, a
realização das escrituras manifesta-se.
A
associação com um devoto é a essência dessa transição, é algo que surge,
floresce. Minha teoria é que graças a Srila Prabhupada ter injetado sementes do
bhakti com sua grande potência, a fé florescerá inclusive em pessoas que ainda
não nasceram. Então, nós como seguidores de Srila Prabhupada estamos observando
o nascimento do bhakti em lugares muito importantes onde esta fé está sendo
manifestada.
Por exemplo,
em minha visita a Cuba recente vi muitas pessoas com fé em Srila Prabhupada
para servirem. Temos sido testemunhas de como esta semente do bhakti realmente
flui e como manifesta-se o desejo de servir a Krishna. Então pode-se realmente
entender que há uma semente do bhakti quando no coração das pessoas surge um
forte desejo de servir a Krishna.
Assim, para
mim foi muito gratificante a experiência de ir a uma ilha onde apenas o prabhu
Esvara Desavaha havia ido, os demais só haviam escutado. O movimento de Swami
Yoganandana foi a única coisa que chegou, e logo pela evolução do teísmo
criou-se uma atmosfera muito linda de querer servir a Krishna.
Para mim
foi realmente inesquecível estar nesse lugar observando as sementes que Srila
Prabhupada havia regado ali. Tanta alegria, tanto desejo, devoção de que
realmente podia-se conceber que havia um grande futuro, como em todas as
situações onde Srila Prabhupada está.
Também em
um caso particular nessa visita a Cuba, obviamente continuando o trabalho
pioneiro de Srila Prabhupada, porque ele não aceitava nenhum lugar onde Krishna
não pudesse chegar, ele sempre levava seus discípulos ao Paquistão, Arábia
Saudita, Beirute, Marrocos, Irlanda do Norte em plena guerra, lugares totalmente
difíceis, ele sempre estava pendente de mandar pessoas para que seguissem
semeando sementes do bhakti.
Quando viaja-se
pelos brahmandas para cima e para baixo e passa-se pelas diferentes
circunstâncias desse mundo material, logo chega um momento cujo diz: “Já chega,
não mais”. Mesmo que Maya seja sedutora, já não a quer, compreende e diz “já
chega” e assim começa a levar a vida espiritual a sério.
Enquanto estiver
intoxicado no mundo material com as coisas materiais, como a fama, a erudição e
a beleza, não poderá levar a sério o chamado de Krishna e não escutará o
chamado interno de Krishna, e Maya dará mais.
Maya é
assim, quando está abatido, não dá nada, mas quando quer sair, dá tudo. É fácil
renunciar, porque não tem nada, por isso dizemos: “É melhor você renunciar ao
mundo antes do mundo renunciar você.”.
Renunciar quer
dizer separação, não há desculpa, não há exceção. Aquele carrinho lindo que
comprou há três dias, agora tchau, carro, casa, filhos. Sobretudo quando nasce
uma criança, está liberando o pai. É algo espetacular até crescerem. Crescem e
vão.
Claro que
alguns pais hoje em dia dizem: “Melhor que vá”. Às vezes vão mal, desaparecem
ignorando seu pai, sua mãe. Então é importante realizar que neste mundo
material tudo é passageiro apenas para nos treinar.
Visaya vinivartante
Niraharasya
dehinah
Rasa-varjam
raso ‘py asya
Param drstva
nirvatate
Deve-se ter
um sabor superior mesmo que tenha desejos pelas coisas materiais, renunciar e ocupar-se
em algo espiritual, isso é o desenvolver de um gosto superior.
Se aceitar
tudo o que for oferecido para a gratificação, então nunca surgirá o desejo
superior. Há muitas advertências nas escrituras, são realmente as que sempre
vêm a nos recordar da essência: “Deixe a ilusão, deixe a fantasmagoria”.
Isso sim,
em Cuba há muita bruxaria. São negócios lá. Não fala-se nada de amar a Deus,
apenas fala-se de pedir a Deus, “força para superar problemas”, superar coisa
ou outra em cerimônias tamásicas. Krishna diz: “Quem adora aos fantasmas, na
próxima vida volta fantasma”.
Se perguntar
a um líder barvabalao se ama a Deus, ele dirá: “Não, não está incluso no
programa”. A verdade é que nem sequer está incluso em seu vocabulário, é triste
porque são pessoas que apenas querem negociar com Deus.
Na Índia
acontece o mesmo com o karma kanda, “devo negociar ali para que me deem bênçãos”.
E as floridas palavras dos Vedas entusiasmam isso, “se quiser saúde, riqueza,
bela esposa, adore tal”, mas no Bhagavad Gita diz que apenas os bobos adoram
aos semideuses, e isso fica como um labirinto cujo é muito difícil encontrar o
caminho puro a Deus. Não é fácil, se quiser negócio de Deus, ofereça-Lhe
negócio.
O mundo
material ensina com aspectos muito fortes, como o desapego, a separação e eu
creio que hoje em dia as pessoas são mais sofridas e mais abatidas que nunca,
porque a família acabou.
No fim das
contas, a famílias era a coisa mais linda: esposa(o), filhos que crescem,
netos, toda essa beleza que trabalha junto por uma causa, é muito lindo ter
harmonia entre pai, mãe, avós, mesmo que hoje quase não exista.
O homem
moderno mal cumprimenta, as mulheres sentem-se maltratadas. Ao não considerarem
que é melhor as crianças não verem briga e não sofram vendo, então o homem
moderno perdeu o matrimônio. É a maior perda e desculpa para pensar: “Oh, agora
posso ter sexo com várias ou mudar de parceira”. Nesse sentido, até na
declaração de matrimônio é dito: “Hoje em dia ela é minha companheira
temporária de viagem”.
Não é raro
apaixonar-se demais por uma mulher ou um homem, porque há muitas pessoas
simpáticas, assim pensamos: “Por que não poderia ter relação com outros parceiros?”.
O fato é que deve decidir por um parceiro se quiser ter lindos filhos e vê-los
crescerem ao lado dos pais em uma atmosfera de amor, disciplina e união.
Sem a base
da família, nossos filhos não têm muita esperança em formar um caráter de fé em
uma autoridade, e por isso nunca estamos seguros, sempre nos sentimos desamparados.
O homem
moderno é o mais renunciado de todos, porque perdeu a família. E o que fica
então? Sexo, diversão, comprar uma casa e logo brigar com o parceiro para
dividirem: “Como nos dividimos, o carro ou as crianças?”.
As crianças
são as que pagam o drama, como os homens não são muito inteligentes, as
crianças falam mal, falam mal da mãe porque não tem mais pai. Mesmo na
Consciência de Krishna é dito: “Desapegue do parceiro e da família”, mas não
mal interpretem isso, porque o desapego é para quando as crianças já estão
grandes.
Alguns tolos
o tomaram como justificativa. Temos que nos desapegar e nesse sentido nós vemos
que o mundo não anda bem, e logo que a família estiver perdida, vem a droga, a
degradação, a decepção quando não entendem que o mais lindo é ser membro de uma
família espiritual.
É algo
muito especial servir a um ishtadev que significa fazer templos, fazendas,
festivais. Sobre uma adoração apropriada cresce nossa vida, porque o mundo
material não tem nada equivalente nem especial, porque no mundo material apenas
há grupos sociais, um partido político, mas isso não substitui a vida
espiritual.
A deidade
nos vincula com o mais importante da nossa vida, que é o Senhor Supremo, o
único que pode nos levar a diante e a dimensões superiores. “Abandone todos os
demais conceitos religiosos sociais fruitivos baseados em interesses sociais e
refugia-se em minha instrução”, disse o Senhor. Toda a estrutura do mundo, as
diferentes instituições que podemos considerar são todas secundárias ao lado da
importância de Krishna em nossa vida.
Não é
suficiente ser um bom pai, tem que fazer muitas coisas e refugiar-se totalmente
em Krishna, apegar-se aos devotos. Isso soa bonito. No Bhakti Yoga há muitas
etapas de confidencialidade, mas se não tiver uma família espiritual, não
saberá onde praticar.
Praticando sozinho
perde-se, fica oco, por isso a importância da associação. É como um pai que não
pode dizer nem sequer por um momento: “Eu não sou pai”. É uma traição, em um
compromisso de um sannyasi, de um brahmana, de um presidente de templo é igual,
é uma consagração importante e por isso os devotos em grupo mantêm os templos.
Graças a
isso queremos fazer um ashram em Cuba. O primeiro ashram chama-se Vrinda Kunja.
É uma casa muito humilde, para seis devotos, quem lidera é o prabhu Radhanath,
um yogi maduro de muitos anos, já tem netos, mas um espírito jovem. O lugar é
pequeno, mas o grupo de devotos de Cuba são bons potenciais e maduros.
Foram poucos
dias lá, fizemos uma grande puja em um cinema conhecido e importante na cidade,
e também tivemos conferências no Charles Chaplin em pleno centro onde nos deram
um espaço muito bonito. Então conhecemos também um grupo que chama “Om
Meditación” cujo líder apreciava muito a Srila Prabhupada e com eles também
fizemos contatos muito lindos.
Sinto-me
muito positivo e creio que o Senhor Caitanya tem que me levar a todos os
lugares e já está semeando o início, então, se alguém de vocês for a Cuba,
permita-se treinar aqui sobre como ajudar lá.
Em Cuba
dizem que não pode-se fazer nada sem fé, ou melhor, a Oida Terapia na Cuba está
bem famosa. E sabem o que significa FE? Família no Exterior. J Então, nós também somos os amigos
e familiares vaishnavas no exterior. Acredito que com um pouco de ajuda para
lá, as coisas podem caminhar. Sendo assim, são bem-vindos a participarem no
apoio a Cuba.
Miami é meio
Cuba, alguns devotos mais velhos podem organizar uma visita para lá segundo as
possibilidades. Já organizaremos na minha próxima volta, pois temos agora pouco
tempo em Miami, apenas umas horas que encurtaram por essa odisseia técnica que
atrasou muito meu voo em várias horas.
Então,
muito obrigado. A independência que celebramos aqui hoje significa nos
independermos de Maya e nos fazermos dependentes de Krishna. Essa é a
verdadeira independência. Para ter novamente a independência para assumir
responsabilidades para Ele e assim não podemos pensar por nós mesmos fora da
ideia vaishnava, que é muito capaz de ser independente.
Nesse sentido,
estamos todos sendo treinados para sermos independentes e capazes de resolver
qualquer serviço, mas no coração devemos ser dependentes da essência da unidade
do infinito.
Queria saudá-los
um pouco. Obrigado por me esperarem tanto tempo.
Srila Prabhupada
ki jay.
Seu sempre
bem-querente,
Swami B. A. Paramadvaiti.
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