“O interior de cada alma, de cada ser, em qualquer lugar o amor existe
como algo onipotente, que a necessidade de amor é algo onipresente e que por
esse amor devemos renunciar a vontade de controlar o mundo inteiro.”
Meus queridos
devotos, aceitem todo meu carinho de São Paulo.
O princípio
divino de “falhar” chega a nossas mentes com grande frequência durante a vida. Algumas
vezes inclusive fica estagnado, até poderíamos dizer que continuamente nos
ocorre. O amor é uma necessidade, o amor produz sede, mais intensa que a própria
sede. Amor é vida, amor é como o ar vital.
Se o seu
amor pelo ar for muito, tanto como seu amor por amar, então poderá identificar
facilmente qual é o caminho que deve seguir. Assim como alguém que tenta nos
estrangular, começamos a rogar: “Ar, ar, me deixe respirar ou vou morrer!”. Então,
se comparar o ar com o amor, qual dirá que é mais importante?
Vida após
vida recebemos ar, toda vez, mas o amor é aquilo que realmente estamos
buscando. Arduamente damos alguma atenção ao ar, só até perdê-lo e se torna um
objeto adorável. Mas amor é a soma e substância de cada jiva, é o objetivo da
busca de cada alma.
As escrituras
enfatizam isso toda vez: “A luxúria é o oposto do amor, não tente igualá-los ou
terá uma ideia errada do assunto.” O Caitanya Caritamrta, o Bhagavad Gita e o Srimad
Bhagavatam tratam deste assunto.
anyabhilasita - sunyam
jnana - karmady - anavrtam
anukulyena krsnanu
silanam bhaktir uttama
(C.C. Madhya. 19.167)
Tradução: Quando estiver livre de todo anseio de coberturas tais como
karma, jñana e for favorável atender a Krishna em seus desejos, praticará o
mais alto bhakti ou “bhakti-uttama sa vai pumsam paro dharmo yato bhaktir
adhoksaje ahaituky apratihata yayatma suprasidati.” (S. B. 1.2.6)
De certo, existe uma atividade suprema: O serviço amoroso ao ser
transcendente, feito sem interesse, sem nenhuma reserva dá à alma uma grande satisfação.
Muitos slokas se referem às qualidades do amor como algo exclusivo, algo que
requer esforço, algo pelo qual é entregue tudo o que se tem. E o que temos de
entregar? Devemos entregar nosso ego, nossos planos egoístas. Algo muito
difícil, muito difícil.
Há uma história no Mahabharata sobre uma família que estava em perigo. Esse
perigo poderia ser resolvido se uma pessoa se sacrificasse pelo bem dos demais,
sendo que todos os membros da família queriam se sacrificar devido ao amor que
sentiam pelos outros.
E o que significa “sacrificar o mundo inteiro”? Quer dizer abandonar
seus desejos de desfrutar e controlar o mundo. Assim, começamos a ansiar por
ver um mundo onde Deus está no centro, um mundo conectado com sua causa
original.
A causa original do mundo também é o amor. Devemos entender que o
princípio do amor é uma verdade cósmica incontestável, prema tattwa. Isso quer
dizer que o interior de cada alma, de cada ser, em qualquer lugar o amor existe
como algo onipotente, que a necessidade de amor é algo onipresente e que por
esse amor devemos renunciar a vontade de controlar o mundo inteiro. É conhecido
como autorrealização, é algo realmente incrível, não?
Você acredita que pode obter uma dose de “amor” de algum dos catálogos
que tem? A resposta é não. O amor está mais além de qualquer cálculo, inclusive
os reflexos pervertidos do amor transcendental estão muito além dos cálculos. Você
não pode dizer a outra pessoa que a paga para te amar.
As pessoas hoje em dia têm o conceito errôneo de que o outro o ama
simplesmente porque pagam para que tenham sexo com ela. Você não pode dizer a
outra pessoa lhe paga para que te ame. Isso é uma fraude.
Você não é capaz de comprar o amor de um cachorro. Bom, dizem que quando
se dá de comer a um cachorro e ele mexe o rabo de felicidade está dizendo que
te ama, mas de certo é que o cachorro ama sua comida, não você.
Quero que reflitam nestas palavras sobre a natureza do amor e espero que
nos próximos chats possamos continuar desenvolvendo este tema tão importante.
Envio todo meu afeto e espero que tenham uma linda semana de pregação.
Jay Srila Prabhupada!
Seu sempre bem-querente,
Swami B. A.
Paramadvaiti.
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